13 de jan. de 2011

Alguém sabe o que é Parkour?


A Parkour Salvador foi às ruas pra saber o que a população soteropolitana sabe a cerca do tão malfadado Parkour. Para nossa não grande surpresa, o conhecimento sobre a prática no geral é tão raso quanto um pires. A informação de não praticantes a respeito do Parkour envergonha. Na pesquisa, as pessoas traziam conceitos distantes e confusos da realidade que os praticantes vivem, algo próximo de uma "lenda urbana" ou um boato razoavelmente consolidado.
Entrevistamos por volta de 50 pessoas. Entre essas, 13 conhecem a disciplina sem conhecer o nome – foi necessário fazer referência a filmes como 13° Distrito (Banlieue 13) ou 007 - Cassino Royale – outras 04 conhecem a disciplina inclusive pelo nome, às vezes reproduzindo um antigo erro de tradução de quando a pratica alcançou o Brasil, “Le Parkour”. No entanto, o entendimento de Parkour dessas pessoas não foi além de “aquilo que as pessoas fazem quando pulam prédios e/ou muros”. O resto dos entrevistados simplesmente desconhece totalmente a prática.

Surpreendentemente – e isso merece um parágrafo dedicado – seguranças e policiais conhecem o mínimo sobre Parkour e inclusive apóiam a pratica. “Não há por que ver o Parkour como risco para a sociedade. Assim como qualquer arte marcial pode ser usada por um meliante com más intenções, o Parkour também pode, nem por isso artes marciais ou isso que vocês fazem é ruim... depende das pessoas que o fazem”. (Policiais em Patrulha).
Ainda assim, administradores de espaços públicos da cidade – que conhecem o mínimo sobre Parkour tanto quanto os seguranças e policiais – se mostram preconceituosos e preocupados com a utilização do espaço público para a prática.
Contudo, o problema não repousa nas pessoas normais, elas não têm o dever de entender o Parkour por completo ao contrário dos praticantes. Esses têm o dever de entender o Parkour o máximo possível e ser capaz de explicar a qualquer curioso do que se trata. Talvez assim o cenário mude.
Temos que ter consciência enquanto praticantes de que o preconceito que sofremos é nossa responsabilidade. Acreditamos que cada tracer deveria se questionar se é capaz de explicar para leigos o que estão fazendo e quais os propósitos envolvidos, e isso vai além de conceitos meramente individuais. Você Tracer, sabe o que é Parkour? Acha que é capaz de explicar isso para outra pessoa? É importante fazer esse questionamento antes de sair por aí apregoando coisas que talvez possam prejudicar a imagem do Parkour.
Como toda prática, o Parkour envolve pesquisa e é necessário que os praticantes entendam isso e entendam o básico de civilidade também, até porque, realmente não é em qualquer lugar que se pode treinar. Uma constante durante a pesquisa foi o medo pelos laicos a cerca do Parkour de que ele seja usado para fins ilícitos como invadir casas e propriedades privadas de um modo geral.
O bom senso tem que caminhar de mãos dadas com todo tracer. Uma propriedade privada não pode ser violada em hipótese alguma, existem lugares que não são permitidos treinos e não é porque não tem ninguém olhando que isso muda. Respeitar esses limites fará com que você seja respeitado e mudará (aos poucos) a visão da sociedade sobre a prática. Não custa nada lembrar que as pessoas não têm que se adequar a nós, um parquinho é essencialmente feito para crianças brincarem, e não é porque você sabe que não está estragando nada que outras pessoas saberão. O diálogo é a alma do negócio para que progressivamente esses limites possam ser dilatados sem assustar ninguém. E quem sabe, daqui a um ano ou dois nós voltemos às ruas para ver que o quadro social em volta do Parkour mudou, que as pessoas estão mais inteiradas e sem tanto preconceito. Mas isso tem que partir de nós.

8 comentários:

Jean disse...

Foi a Ana que escreveu isso né? Puta que pariu! Muito foda! Eu vivo tentando dizer isso, mas a minha capacidade de expressão é limitada demais. Parabens!

Unknown disse...

Muito bom!
Surpreendeu minhas expectativas...
Parabens.

E por incrivel que pareça, hoje no treino, dois policias pararam para conversar conosco. Perguntando e monstrando a opniões deles sobre o Parkour. O bacana foi ver que um deles, estava bem interado do assunto, porém com a visão normal da sociedade...de pensar em campeonatos, nivéis ou faixas e coisas do tipo. Mas o bacana foi ver justamente ele mostrando a opnião dele e nós explicando a nossa.

Parabens novamente pelo texto. \o

Anônimo disse...

Texto simplesmente incrível!
Acho muito importante limpar visão que os "leigos" tem do parkour, é extremamente necessário para evitar preconceitos que geram discussões desnecessárias.
Vamos continuar fazendo nossa parte cada vez mais!

Skeeter disse...

Ta de Parabens o trabalho realizado..

Duddu Rocha disse...

Sem palavras aqui. Incrivelmente foda e lerei novamente e indicarei a outros!

Dennis Freitas disse...

Muito bom!
Acho que a melhor forma de mudar a visão dos não-traceurs sobre o parkour é mudando a visão que nós mesmos (traceurs) temos sobre o parkour.

Alexandre Lordêllo disse...

Parabens a Ana e ao Fallux,

Texto importante pra se iniciar um debate com praticantes e não praticantes. Indo alem do texto propriamente dito, quero salientar o quanto é importante pra nós estarmos escrevendo e postanto pesquisas e opiniões como esta que acabamos de ler. Tem muita gente escrevendo, então galera vamos socializar essas produções.

Ícaro Iasbeck disse...

Incrível! parabéns pela iniciativa!

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