21 de ago. de 2013

Duddu deixa o cargo de presidente da ABPK - Entrevista

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Eduardo Rocha, mais conhecido como Duddu, anunciou pelo facebook que deixa o cargo de presidente da Associação Brasileira de Parkour. 

Confira abaixo o anúncio e a entrevista na íntegra:

" A quem possa interessar gostaria de dizer que não sou mais presidente da ABPK. Participei ontem de minha última reunião com os diretores e só tenho a agradecer todo apoio que sempre tive deles e dos amigos e praticantes fora dela. Assumi a presidência num momento de muita fragilidade da associação e, apesar de não ter conseguido cumprir em 100% o que gostaria, fico feliz com o resultado até então alcançado.

O motivo da minha saída é porque acredito que posso fazer mais pelo Parkour nacional sem estar atrelado a uma posição política. O que eu podia fazer por ela eu fiz e me orgulho disso. Agora é o momento de eu passar o bastão e ficar livre para dar um gás em cima dos meus próprios projetos e de tudo aquilo que eu sonhei para o Parkour.


A amizade continua e os diretores (e os representantes regionais) que ficam nela sabem que além de colegas de trabalho são amigos. Que eles façam um bom trabalho e não deixem as nossas inúmeras horas de sono perdidas com reuniões intermináveis terem sido em vão. Minha mão de apoio continua estendida a eles assim como sempre esteve estendida a qualquer pessoa envolvida com Parkour.

Libertas quae tamen! "

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Gustavo Ivo: Pelo que você descreve, a abpk era um peso em suas costas e dificultava o desenvolvimento de alguns projetos. Por que essa dificuldade?

Duddu: Porque enquanto envolvido na ABPK você é uma figura pública, presa a um estatuto e que deve ter os seus passos bem calculados porque você carrega o nome de uma instituição. Minhas ações, muitas vezes,eram analisadas friamente se compatíveis com o meu cargo de presidente. Tudo isso cria uma redoma em volta de si mesmo e que não facilita nenhum projeto de cunho pessoal a existir.

GI: Esse tipo de dificuldade de conciliação entre o duddu público e pessoal não é recente, por que agora? Ou foi algo que foi se acumulando gradualmente?

DD: Entenda-se que já havia um duddu público antes da minha entrada na presidência. Então o que me faz tomar essa decisão de sair não é a exposição: até porque na prática não irá mudar muita coisa e eu continuarei agindo de todas as formas que puder para contribuir com o Parkour Nacional. 

O motivo de ser agora é porque eu assumi a presidência ciente de que não queria fazer isso por muito tempo. Eu queria organizar a casa, colocar mais gente dentro dela e entregar de volta ao parkour nacional. Esse trabalho tem sido feito. Originalmente, meu prazo (que eu mesmo me dei) seria até o final do ano. Eu só o antecipei em 4 meses a minha saída porque eu pretendo me envolver com alguns projetos que para dar certo precisa que eu não seja mais "o presidente da abpk".

GI: Quais são seus projetos daqui pra frente? Especialmente os que requerem que você não seja mais o presidente..

DD: O maior deles, com certeza, é o Fórum Parkour Brasil. Um espaço que nasce para ser apolitico, sem levantar a frente de grupo ou instituição alguma e que tem o único e claro objetivo de promover o diálogo e o crescimento entre os praticantes e amigos do Parkour brasileiro. Ele é uma ferramenta com grande potencial e que precisa ser totalmente livre para se desenvolver. Livre inclusive do meu domínio: minha intenção é que o espaço passe a ser enxergado como do Parkour Brasileiro.

GI: Voltando sobre a abpk, como foi, cronologicamente, sua participação na entidade?

DD: Em 2008, o presidente era Jean Wainer. Mesmo informalmente, ele de vez em quando me pedia opinião ou ajuda em alguma posição que a ABPK fosse tomar. Naquele mesmo ano eu assisti a uma sequência de atos que o retirou da presidência e quem assumiu foi Alberto Brandão (final de 2008).

Em 2009, eu já era praticamente considerado um membro da diretoria que era composta efetivamente por Alberto Brandão, Jean Wainer e eu. Após algumas reuniões e apontamentos, chegamos a conclusão de que a ABPK estava extremamente desgastada e que ela nunca, de fato, atuou da forma como ela nasceu para atuar. Chegamos a um impasse onde ou uma mudança radical aconteceria ou então ela fecharia as portas. A saída mais viável para o problema é que ela não deixasse de existir mas tivesse a presidência renovada por alguém que poderia ajudar a recriar a ABPK. Eu não aceitei de imediato porque, apesar de ter tido sempre uma boa relação com o parkour brasileiro, eu sabia que a ABPK sempre foi um alvo bem grande para todos que dela se aproximaram. Por fim, eu decidi que não seria legal deixar um projeto tão antigo como esse morrer sem que eu ao menos tentasse dar o meu melhor em cima dele. Aceitei o cargo de presidência com a ressalva de que eu teria poderes para tomar decisões que considerasse justas e que, de cara, eu não ficasse desamparado pelos dois antigos presidentes.

Assumi em 25 de Fevereiro de 2010. Os primeiros meses foram de trabalho: criamos o edital pro EBPK, realizamos o edital, o RJ foi escolhido como sede, realizamos o projeto "Tracers ao Resgate" e finalmente, em 22 de janeiro de 2011 expandimos a diretoria. Foram convidadas 9 pessoas de todos o Brasil, pessoas idôneas e que já contribuíram bastante para o Parkour nacional, a se juntarem a diretoria da ABPK para fazê-la crescer. Demos início ao projeto de expansão e começamos a revisar a documentação da ABPK e suas prioridades.

Em julho de 2011, nos reunimos presencialmente em São Paulo, durante dois dias, para tratar EXCLUSIVAMENTE da ABPK. Foi um final de semana bem desgastante mas que nos rendeu o que eu acredito ser o maior dos frutos que a ABPK já deu até hoje. Ali foi o momento mais verdadeiro e presente que presenciei da ABPK. Recriamos o estatuto, criamos o "Manifesto Parkour" e demos uma alavancada em outras documentações e iniciativas. Assim voltamos, nos concentramos no Encontro Brasileiro, que aconteceria em São Paulo, sob nossa responsabilidade. Durante esse EBPK, em dezembro, fizemos a primeira aparição pública enquanto diretoria. Com uma mesa redonda com todos os interessados, onde dúvidas foram tiradas e definitivamente demos a cara para bater.

O ano de 2012 foi o ano de acertar os ponteiros pois a casa já estava semi-arrumada para receber os associados e abrir com tudo a associação. Algumas mudanças na diretoria foram feitas e em março de 2013 a ABPK realizou a primeira eleição aberta para escolha de Representantes Regionais. 5 novos membros foram incorporados dentro dela: membros escolhidos por votação popular e que aconteceu com representação de todo o país. A previsão inicial é que até o final do ano executaríamos a eleição para representantes estaduais e então para diretoria e presidência. Desde o início me comprometi com somente arrumar a casa e então entregá-la ao Parkour Brasileiro. E tendo em vista o que éramos e o que temos hoje, acredito que muito disso já conseguimos.

GI: Além do esforço e desse saldo positivo que foi alcançado durante esse período, também percebe-se que há um certo desgaste em outros membros da diretoria. O que esperar da abpk daqui pra frente? É um momento propício de entregá-la, realmente, ao Parkour Brasileiro?

DD: Tudo depende da forma como ela será gerida daqui em diante e da forma de trabalho. Ao que se refere a sua funcionalidade, os diretores lá dentro continuam e o trabalho também. Se o momento é propício por conta do cenário brasileiro, eu não posso afirmar. Mas no que tange a mim é o meu momento propício para deixá-la e ir trabalhar em outros projetos também importantes.

GI: Quer acrescentar mais alguma coisa?

DD: Eu saio de cabeça erguida e apesar de sentindo o desgaste pela responsabilidade que foi minha eu estou bem tranquilo e pensando positivo no futuro. Eu agradeço de coração tanto a minha diretoria quanto a todos do Parkour Brasileiro de que de uma forma ou de outra contribuíram e acreditaram nesse trabalho. Minha saída, como já dito antes, é apenas da ABPK. Meus trabalho com o Parkour, no entanto, serão intensificados.

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Por Gustavo Ivo


15 de ago. de 2013

7° Encontro Baiano de Parkour


7° Encontro Baiano de Parkour

Local: Itabuna

Quando: 21 e 22 de Setembro

Informações: http://7ebapk.webs.com/

- Haverá hospedagem e transporte durante o evento.

13 de ago. de 2013

Vídeos ironizam o Art of Motion pela rede

Praticantes de todo o país protestam contra o polêmico campeonato de Free Running da Red Bull

Pelo nome de “Disaster of motion”, em um ato que começou na sexta-feira, uma dezena de vídeos já rodam a internet ironizando o campeonato: percursos aleatórios, coreografias, danças, montagens e outros compõe esse protesto simbólico.

Ironias à parte, o assunto é sério. Desde o primeiro evento, em 2007 na cidade de Viena, o campeonato têm provocado diversas posições diferentes entre os praticantes de parkour. Debates sobre como esse evento influencia a comunidade praticante, a referência que as pessoas têm do parkour, se é possível outra forma de competição mais saudável, os valores humanos da prática, têm sido frequentes pelas redes sociais e encontros.

No Brasil o evento ocorreu em 2011 e que, no intervalo das apresentações,  cerca de 20 pessoas  invadiram a arena da competição e fizeram um ato contrário ao evento(http://www.youtube.com/watch?v=P26OkyJnkaQ). Relevante também lembrar de como, apesar dos esforços e diálogos com a Red Bull, a empresa não cumpriu com algumas demandas, entre elas: não chamar o evento de parkour e de alguma forma promover o “real” parkour. Um dos principais problemas, portanto, é a ligação do peso da palavra “parkour” ao evento.

Duddu Rocha, presidente da ABPK e idealizador do protesto virtual, critica a forma em que a empresa produz o evento: “Acredito que a forma esdrúxula do formato da competição que obriga os praticantes a se exporem de forma muitas vezes negligente e arriscada em prol da empresa.” Destaca que não é contra ao Free running ou até à própria competição em si, mas de como esse modelo é nocivo. É notável também sua preocupação em manter a integridade dos valores do parkour(cooperação, autonomia, ser útil), os quais seriam deixados de lado em prol do exibicionismo puro ou por viagens e prêmios.

Participante 2 vezes do campeonato, Paulo Victor (PV), pensa de outra forma.  PV ressalta que achou bastante seguro, que a empresa dá apoio e há equipe médica. Também fala que os acidentes são comuns em qualquer esporte em que o praticante extrapola. Sobre o espírito de competição, respondeu: “Eles vão para se divertir mesmo e treinar juntos. A competição na verdade é como se fosse um treino coletivo, porque o espirito competitivo é totalmente esquecido ali.”

Para Rodrigo Florêncio, praticante de Natal, os vídeos demonstram a volta à disputa entre “parkour x free running”, causando um desgaste desnecessário entre os praticantes. Também destaca que são expressões corporais diferenciadas cada uma com um determinado desenvolvimento. Quanto à competição, reforça que é uma escolha pessoal a participação e que “querem mostrar o que sabem, e alguém proporcionou isso.”

Questionado sobre a eficácia do ato, Marcelo Monteiro, praticante de Vitória, pondera: “Acredito que a manifestação é válida, porém só acredito que sua eficiência tem que ser bem planejada e não deixar que vire algo para curtição.”

As críticas ao protesto não são poucas, Jean Wainer(G1), diretor da academia Tracer, é direto: “Acho ridículo. Estão mais promovendo a red bull e o art of motion do que promovendo os valores do parkour. Essa campanha só promove e incita o ódio, e em momento algum promove os valores do parkour
.” G1 também chama atenção da variedade de críticas que se formaram contra a empresa, em que muitas não criticam os riscos ao praticante ou o exibicionismo, mas agridem de forma gratuita. Em 2011 Jean participou na organização do evento no Brasil, mas ressalta que sempre foi contra o Art of Motion e que inclusive explicitou isso para a empresa, “O que mudou foi:  antes eu apoiava confiando no cumprimento de combinados. Agora, obviamente, nem isso.”

Paulo Cezar(PC), da Omnis, diz que é um protesto em vão e deveria ser direcionado para ações mais efetivas. Também destaca que a competição existe porque há público para isso, tanto internamente entre os praticantes como exteriormente: “As pessoas querem ver o parkour sendo disputado, assim fica mais simples para elas entenderem [..] Os moleques praticam parkour pra poder aparecer em eventos como esse. Se você não faz isso, não quer isso, pra que atacar?” Aprofunda também a reflexão ao dizer: “A Red Bull não molda o caráter de ninguém. Se você é gente boa e acredita no parkour como força modificadora da sociedade, nada te impede de participar disso. O buraco é mais embaixo e tem a ver com o indivíduo.“

Há um reconhecimento, por parte do Duddu, de que essa não é a melhor forma, mas que já é um jeito da indignação tomar forma:  “
Eu acho que essa medida, se não é a melhor, ao menos mostra um caminho até mesmo para essas pessoas: que eles podem abrir a boca e tomar um partido.”



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