19 de jul. de 2015

Fala Tracer! - Ruda - Jogos

Coluna "Fala Tracer!" dessa vez com Rafael Santiago (Ruda), em que aborda um pouco de sua visão sobre jogos, competições, prêmios e suas relações com o parkour. Em um momento em que cada vez mais modelos competitivos envolvendo parkour aparecem, refletir sobre essa situação é muito importante para sabermos a qual caminho "o "parkour  está tomando. 

E você, o que acha? 

Caso queira, comente, fale, compartilhe, e escreva pra gente. Fala Tracer! é uma coluna aberta a qualquer praticante.

Abs


Jogos são um modelo de competição, e jogos são uma grande fonte de diversão. A competição, portanto, tem sua parte divertida, também tem sua parte de aprendizado, estimula o raciocínio, caso seja em grupo, a interação e o pensamento coletivo... dificilmente um grupo irá bem, se seus membros não souberem chegar a um acordo, aprender como fazer isso é muito legal.

O que não apoio é o endeusamento dos vencedores. "Pra alguém ganhar, alguém precisa perder", esse é o momento que pra mim você cria um perdedor, e não quando a competição termina. Sendo mais explícito, é quando você quer classificar o desempenho de um indivíduo/grupo através de um sistema numérico e pontual. Pra mim, todos que procuram dar seu melhor ganham. Seja numa competição, seja no seu treino do dia a dia.

Acredito que, o fator "prêmio" (o qual me refiro é material) é o que mais me incomoda nas competições... mas nunca parei pra pensar profundamente sobre isso. Imagino que o caminho seria questionamentos como: O que justifica minha trajetória até aqui é a busca pelo prêmio? O quanto o prêmio/premiação desfoca minha trajetória? Como outros vêem o prêmio? Necessita mesmo uma premiação?

Claro que, ter um objetivo, seja ele qual for, é fundamental para estar motivado a chegar a algum lugar. Como seres humanos que somos, generalizando, o sentido que mais nos influencia é a visão. Ter o objetivo materializado (prêmio), e frente aos olhos é um estimulo muito mais fácil (não necessariamente maior). Mas... existe algo material tão bom assim que justifique, a minha dedicação e esforço?

E sendo um pouco mais ousado, acredito que utilizar o prêmio material como estimulante, vá contra princípios, ao menos meus, do Parkour.

(Não conheço nada que comprove cientificamente o que disse abaixo, é puramente empírico. Por sinal nem pesquisei sobre... e não tava afim mesmo, ué! )

Sendo direto, acho que utilizar a premiação material, como alvo, vicia. Com o tempo, você fica sem objetivos realmente significativos/importantes pra você. Se isso é algo bom ou ruim, é outro tópico... mas imagino que em determinado momento, manter tal pensamento não compense.

Agora, falando sobre ser um vício em si. Todo e qualquer vício limita, dificulta, atrapalha. E tudo que possa ser um empecilho a mais, foge da filosofia do Parkour (ou pelo menos do meu Parkour, como eu disse anteriormente). Com certeza, dá resultados, mas até que ponto?

Ainda assim, não deixo de ver beleza em mostrar um objeto como conquista. E objetos ajudam a guardar e a contar histórias.
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